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Ghetto Six. An ethnography-based art project

Lorenzo Bordonaro

O bairro 6 de Maio na Damaia, concelho de Amadora, às portas de Lisboa, é um bairro autoconstruído, que abriga desde o final da década de 1970 uma comunidade de origem maioritariamente Cabo-Verdiana. Estigmatizado por razões de desordem pública e de tráfico de droga e alvo portanto de intervenções violentas pela policia, o bairro é lugar de memórias e de identidade para os seus moradores. O 6 de Maio está a ser demolido e vai ser completamente eliminado até 2015, enquanto a sua população está a ser realojada, segundo um esquema de saneamento urbano já aplicado a outras urbanizações espontâneas na área da grande Lisboa. Baseado num trabalho de etnografia sobre a vida no bairro, Ghetto Six (assim o bairro foi rebatizado pelos jovens) utiliza materiais que sobraram das operações de demolição das casas (painéis de vários materiais, portas, portas de estantes, ondulados de alumínio, madeiras, etc.) como suportes para a inscrição de um ‘retrato’ do bairro, através de técnicas mistas que incluem a fotografia e a pintura. O conjunto das peças em exibição se configura como uma instalação etnográfica inspirada nas histórias de vida dos moradores do bairro, e nas contradições e violências que caracterizam hoje o Portugal pós-colonial e a Europa de Schengen. Ao mesmo tempo uma experiência de etnografia visual e uma homenagem à vida social de um bairro destinado ao desaparecimento, Guetto Six pretende evocar a precariedade mas também a criatividade e a estética de uma forma de vida. A instalação foi transferida para o bairro 6 de Maio no inicio de 2013, e vai aí permanecer até data indefinida, tornando-se parte do próprio bairro até a sua destruição final. Os restos da demolição vão assim voltar ao seu contexto de origem, mas transformados em elementos visuais de critica social dentro do espaço urbano.


The 6 de Maio is a self-built neighbourhood located in Damaia, council of Amadora, close to Lisbon. Since its origins in the 1970s it houses a community of mostly Cape Verdean origins. Stigmatized for reasons of public disorder and drug trafficking, and targeted therefore by violent police interventions, the neighbourhood is a place of memory and identity for its residents. The 6 de Maio is being demolished and will be entirely dismantled by 2015, while its population is being relocated, according to a scheme of urban sanitation recently applied to other spontaneous urbanizations in the greater Lisbon area. Based on research on the life in the neighbourhood, Ghetto Six is an ethnography-based art installation inspired by the life stories of the residents and by the contradictions and violence of postcolonial Portugal and Schengen Europe. It employs the remains of the houses that have already been demolished (doors, shelves, aluminium plates, wood, etc.) as supports for the inscription of a “portrait” of the neighbourhood itself, using mixed media including photography and painting. At the same time an experiment in visual ethnography and a tribute to the social life of a neighbourhood doomed to disappearance, Ghetto Six intends to evoke the instability but also of the creativity and aesthetics of a way of life. The installation was moved to the 6 de Maio neighbourhood in early 2013, and will there remain indefinitely, becoming actual part of the built environment until the final destruction of the whole area. The remains will finally go back to their context of origin, transformed into visual elements of social critique within the urban space itself.

Demolições no bairro 6 de Maio / Demolitions in 6 de Maio neighbourhood

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Making of

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Ghetto Six @ Woundscapes, Museu da Cidade, Lisbon

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Photos by Alexandra Baixinho

Ghetto Six. As peças são instaladas no bairro 6 de Maio

 

​Ghetto Six. The installation moves to the bairro 6 de Maio

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Photos by Vítor Barros

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